O Impacto das Redes Sociais na Vida dos Profissionais de Saúde

Para muitos, as redes sociais servem como uma forma de se manter “informado” (vale muitas ressalvas aqui), apenas para acompanhar a vida dos outros ou até para relacionamentos amorosos. Sou do tempo do Orkut e do MSN, incríveis ferramentas de redes sociais que lembro com muito carinho. Na verdade, quem usou essas plataformas tem um grande apreço por elas.

Porém, com o surgimento do Facebook, seguido pelo Instagram e agora pelo TikTok, o que era para ser uma rede social “leve”, de amigos, tornou-se um ambiente de trabalho, com excesso de exposição (que muitas vezes não condiz com a realidade), um nível intelectual baixíssimo, atrapalhando nossa produtividade e aumentando nosso estresse e ansiedade.

Diante desse novo cenário, nós, profissionais de saúde, tivemos que nos adaptar. Lembro bem do início da minha carreira, ainda recém-formado, quando já percebia que o Instagram era importante. Era necessário ter boas fotos, estar presente em palestras, clubes e atendendo pessoas “famosas”. Ser referência na profissão e atrair mais pacientes parecia depender disso. Mas, da mesma forma que observei a importância, também comecei a notar o lado negativo desse ambiente: as comparações. Nessas redes sociais, é inevitável: TODO MUNDO SE COMPARA. Mesmo sabendo que ali só está o que a pessoa quer mostrar, que em 99% das vezes não é real, acabamos nos comparando.

Agora, parece que existe uma “lei” não escrita: todo profissional de saúde precisa ter uma rede social, postar conteúdo, mostrar seu corpo, sua dieta, ter um lifestyle, demonstrar que está atendendo muitos pacientes e que é expert em qualquer assunto, mesmo que nem seja formado ou da área.

É inevitável: hoje as pessoas procuram tudo, primeiro, no Instagram ou TikTok. Restaurantes, profissionais de saúde, lojas de roupa, tudo ou quase tudo é pesquisado nas redes sociais. E se o que elas veem é compatível com o que desejam, há grande chance de negócio fechado! Isso sem falar nas indicações de influenciadores favoritos.

Confesso a vocês, tenho inveja de quem não precisa de redes sociais para nada. Me pergunto se, se eu não fosse fisioterapeuta, eu realmente teria ou não Instagram (não uso TikTok), ou pelo menos usaria muito pouco. O que eu sei é que as redes sociais me fazem mal, me fazem perder muito tempo, causam ansiedade, estresse… mas hoje não consigo me ver sem usá-las para o trabalho. Realmente acho muito difícil. Tenho como meta, ao menos, usar o mínimo possível.

Obs.: Até o momento em que escrevo para vocês, devo ter parado umas 5 vezes para mexer no celular. Isso é doença, só pode.

Outro ponto que gostaria de discutir é sobre o perfil de pessoas que não gostam ou não têm jeito para “blogueiragem”, que não gostam de se expor nas redes sociais. Para esse tipo de perfil, ser um profissional de saúde autônomo se torna muito mais difícil. Pode até ser que, por isso, além de outros fatores, claro, ser um profissional de saúde no Brasil se tornou um grande desafio. Aliás, ser um profissional bem remunerado é complicado, visto que, com mais de mil faculdades no país, todo semestre milhares de profissionais entram no mercado. Sejamos claros: eu sou totalmente contra a quantidade de profissionais de saúde que se formam todos os anos em nosso país. Muitas vezes, sobrevive aquele que usa melhor a internet, que não é necessariamente o melhor ou mais capacitado profissional, mas sim aquele que “aparece” mais para as pessoas.

Para concluir, infelizmente, as redes sociais se tornaram “fundamentais” para nós, profissionais de saúde. Porém, elas vêm carregadas de diversas “patologias”: ansiedade, estresse, comparação, vício, perda de produtividade, e etc. Cabe a nós vencer esse desafio e aprender a utilizá-las sem nos tornarmos doentes e dependentes delas.

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