
A capsulite adesiva, popularmente conhecida como “ombro congelado,” é uma condição dolorosa que causa rigidez e restrição significativa nos movimentos do ombro. Compreender sua anatomia, biomecânica, características clínicas, epidemiologia e as melhores abordagens para avaliação e tratamento é essencial para fisioterapeutas e outros profissionais da saúde que buscam resultados eficazes no manejo dessa condição.
Anatomia e Biomecânica da Capsulite Adesiva
A articulação do ombro, ou articulação glenoumeral, é uma das mais móveis do corpo humano. Ela é composta pela cabeça do úmero e pela cavidade glenoidal da escápula, envolvendo uma cápsula articular que permite ampla amplitude de movimento. Na capsulite adesiva, essa cápsula se inflama e torna-se espessa e contraída, resultando em aderências que limitam o movimento do ombro. Esse processo interfere na biomecânica normal do ombro, levando a uma significativa perda de mobilidade.

Características Clínicas e Epidemiologia
Clinicamente, a capsulite adesiva é caracterizada por dor no ombro, especialmente à noite, e uma progressiva perda de movimento. A condição geralmente se desenvolve em três fases:
- Fase Dolorosa (Freezing): A dor aumenta gradualmente, acompanhada de perda de mobilidade.
- Fase de Rigidez (Frozen): A dor pode diminuir, mas a rigidez persiste, limitando severamente o movimento.
- Fase de Recuperação (Thawing): O movimento gradualmente retorna ao normal, embora possa persistir uma limitação leve.
Epidemiologicamente, a capsulite adesiva afeta cerca de 2-5% da população, sendo mais comum em pessoas entre 40 e 60 anos, especialmente em mulheres. Fatores de risco incluem diabetes, doenças da tireoide e imobilização prolongada do ombro.
Avaliação da Capsulite Adesiva
A avaliação da capsulite adesiva envolve uma combinação de exame clínico e histórico do paciente. O fisioterapeuta deve avaliar a amplitude de movimento ativa e passiva do ombro, além de realizar testes específicos como o teste de Apley e o teste de elevação passiva em rotação externa, que frequentemente indicam limitação na capsulite adesiva.
Exames de imagem, como a ressonância magnética (RM) ou a ultrassonografia, podem ser utilizados para excluir outras patologias e confirmar o diagnóstico, evidenciando espessamento da cápsula articular e aderências.

Tratamento Eficaz da Capsulite Adesiva
O tratamento da capsulite adesiva deve ser individualizado, levando em consideração a fase da doença em que o paciente se encontra. As abordagens incluem:
- Fase Dolorosa:
- Controle da Dor: O manejo da dor é crucial nessa fase, podendo incluir medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, e técnicas de terapia manual suaves.
- Modalidades Físicas: Aplicações de calor, crioterapia e ultrassom terapêutico podem ajudar a aliviar a dor.
- Fase de Rigidez:
- Mobilizações Articulares: Mobilizações suaves e progressivas, dentro do limite de dor, são essenciais para prevenir a formação de aderências e manter a mobilidade.
- Exercícios de Alongamento: Focados na cápsula articular e tecidos moles ao redor do ombro.
- Fase de Recuperação:
- Fortalecimento Muscular: Com a recuperação da mobilidade, exercícios de fortalecimento do manguito rotador e músculos estabilizadores do ombro são fundamentais para restaurar a função normal.
- Mobilizações Avançadas: Incluindo técnicas como a mobilização de Mulligan, que podem ajudar a recuperar a amplitude de movimento.
Considerações Finais
O manejo da capsulite adesiva requer uma abordagem multidisciplinar e centrada no paciente. Compreender a anatomia, biomecânica e características clínicas dessa condição permite ao fisioterapeuta realizar uma avaliação precisa e implementar um tratamento eficaz. Ao seguir as fases do tratamento e utilizar técnicas baseadas em evidências, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente e restaurar a função do ombro.
Para mais informações detalhadas e um guia completo sobre a capsulite adesiva, visite nosso site e explore os recursos disponíveis.
Referências Científicas:
Neviaser, J. S. (1945). Adhesive capsulitis of the shoulder: A study of the pathological findings in periarthritis of the shoulder. The Journal of Bone and Joint Surgery, 27(2), 211-222.
- Este estudo clássico descreve as características patológicas da capsulite adesiva, enfatizando o espessamento da cápsula articular.
Zuckerman, J. D., & Rokito, A. (2011). Frozen shoulder: A consensus definition. Journal of Shoulder and Elbow Surgery, 20(2), 322-325.
- Um artigo de consenso que fornece uma definição clara e critérios para o diagnóstico da capsulite adesiva.
Hand, C., Clipsham, K., Rees, J. L., & Carr, A. J. (2008). Long-term outcome of frozen shoulder. Journal of Shoulder and Elbow Surgery, 17(2), 231-236.
- Este estudo avalia os resultados a longo prazo do tratamento da capsulite adesiva, destacando a importância de uma intervenção precoce e adequada.
Maund, E., Craig, D., Suekarran, S., et al. (2012). Management of frozen shoulder: A systematic review and cost-effectiveness analysis. Health Technology Assessment, 16(11), 1-264.
- Uma revisão sistemática que avalia a eficácia e a relação custo-benefício das diferentes abordagens para o tratamento da capsulite adesiva.
Ryan, V., Brown, H., Minns Lowe, C. J., & Lewis, J. S. (2016). The pathophysiology associated with primary (idiopathic) frozen shoulder: A systematic review. BMC Musculoskeletal Disorders, 17(1), 340.
- Esta revisão sistemática explora as possíveis causas e mecanismos subjacentes à capsulite adesiva primária.
Carette, S., Moffet, H., Tardif, J., et al. (2003). Intraarticular corticosteroids, supervised physiotherapy, or a combination of the two in the treatment of adhesive capsulitis of the shoulder: A placebo-controlled trial. Arthritis & Rheumatism, 48(3), 829-838.
- Um estudo que compara a eficácia dos corticosteroides intra-articulares, fisioterapia supervisionada e a combinação de ambos no tratamento da capsulite adesiva.